No fim de semana passado, aconteceu uma coisa numa loja de café gourmet. Na mesa ao lado estava uma rapariga, a mala de viagem cheia de autocolantes de projetos cripto, e ao pagar comentou com indiferença: "O hotel onde fiquei ontem custou mais de dez mil por noite, mas o serviço era assim-assim." Depois, ouvi de amigos que ela é relativamente conhecida no meio — entrou no mercado há oito anos, com 24 anos, e agora o saldo da conta já ultrapassou os dez milhões. Mas a melhor amiga queixou-se: convidou-a para ir ao mercado noturno comer lagostins, mas ela recusou — justificando que tinha receio de perder a volatilidade do mercado antes da abertura de Wall Street.

Quase me ri alto: isto não é viver a vida como se fosse um gráfico de minutos?

Depois de quase dez anos a fazer análise de mercado, já vi demasiadas pessoas assim. O saldo da conta aumenta, mas a qualidade de vida diminui. Por isso, hoje não venho falar de técnicas de comprar no fundo, mas sim de como fazer com que o investimento em cripto seja um tempero para a vida, e não uma prisão dentro do ecrã. Aproveito para partilhar algumas dicas práticas, úteis tanto para novatos como para veteranos.

Primeiro, uma verdade dura — não penses que, por não precisares de gerir inventário ou cobrar dívidas, o negócio é mais fácil do que os tradicionais. Um tio meu tem uma fábrica; apesar de discutir diariamente com fornecedores, à noite ainda vai passear ao parque. Outro parente faz e-commerce internacional; mesmo trabalhando até tarde com clientes estrangeiros, ao fim de semana leva sempre os filhos ao parque de diversões.

E os amigos do cripto? Ficam num hotel de cinco estrelas, mas sempre agarrados ao telemóvel; jantam em restaurantes de luxo, mas sempre a ver as cotações; até para dormir põem vários despertadores para seguir o mercado. Isto não é liberdade financeira — é prender-se numa prisão de números.

Agora, algumas dicas práticas. Estas são lições tiradas dos meus próprios erros — métodos que permitem estar tranquilo sem estar sempre a olhar para o mercado, muito mais fiáveis do que estratégias arriscadas de quem passa a noite à espera de quedas súbitas:

**Primeiro: não faças do Bitcoin um ídolo, usa-o como usarias a previsão do tempo.**

Há quem passe o dia inteiro a olhar para o gráfico do BTC — fica eufórico quando sobe, ansioso quando desce. Não vale a pena. O Bitcoin é mais um indicador do mercado — para onde ele for, as altcoins normalmente seguem. O que deves fazer não é vigiar cada minuto, mas sim verificar regularmente a tendência geral e depois seguir com a tua vida. É como consultar a meteorologia antes de sair de casa: se vai chover, levas um guarda-chuva; não precisas de ver o radar meteorológico de dez em dez minutos.

(continua...)