Nestes últimos dias, o mercado caiu de forma bastante acentuada e muitos dizem que a culpa é do aumento das taxas de juro no Japão. Mas como é que um pequeno movimento no Japão pode causar tanta agitação? Hoje vamos falar sobre os meandros por detrás disto tudo.
**Primeiro o mais importante: não mexas em alavancagem! Não mexas em alavancagem! Não mexas em alavancagem!**
O rendimento das obrigações do Estado japonês disparou recentemente de forma absurda — o prazo a dois anos ultrapassou 1% pela primeira vez desde a crise financeira de 2008, e os prazos a cinco e trinta anos bateram também recordes históricos. Isto não é apenas um jogo de números, representa o fim definitivo do "modo de imprimir dinheiro" que o Japão praticou durante mais de uma década.
No passado, o Banco do Japão manteve sempre as taxas de juro a zero ou até negativas, para estimular a economia. Agora que o rendimento das obrigações voltou a terreno positivo, significa que a última "caixa multibanco" mundial de juros ultrabaixos fechou as portas. Qual é o impacto disto? Imagina que todo o fluxo de capitais global pode ter de ser reorganizado.
**Para onde foi o dinheiro?**
Antes, os fundos de pensões, seguradoras e bancos japoneses, por não conseguirem obter rendimentos dignos no mercado interno, investiam grandes quantias no estrangeiro — ações norte-americanas, mercados asiáticos, todo o tipo de ativos de alto rendimento. Agora que as taxas no Japão sobem, ainda faz sentido mandar o dinheiro para tão longe? Se os juros continuarem a subir, a repatriação de capitais é muito provável e isso significa menos compradores para ativos em todo o mundo.
Ainda mais relevante é a via do "carry trade com iene". Muitas instituições aproveitavam-se do empréstimo em ienes a custo quase zero para depois trocar por dólares e investir em ações americanas, comprar ouro, acumular bitcoin. O tamanho desta indústria? Estimativas conservadoras falam em vários biliões de dólares. Se esta porta se fechar, imagina quanta liquidez é retirada do mercado.
**Como ficam os vários ativos?**
**Bolsa**: As bolsas dos EUA e da Ásia-Pacífico vão sentir o choque no curto prazo, afinal o carry trade com iene está a ser apertado. Mas a bolsa japonesa pode até beneficiar — o próprio Warren Buffett começou a reforçar posição nas cinco maiores trading companies do Japão já em 2020, prova que o homem sabe o que faz.
**Ouro**: Aqui, o efeito é positivo. A valorização do iene pressiona o índice do dólar e, quando o dólar desce, o ouro sobe. Com o aumento da procura por refúgio e a liquidez a apertar, o mercado precisa sempre de um porto seguro.
**Bitcoin**: No curto prazo vai ser instável, pois estes ativos de alto risco são os mais sensíveis à liquidez. Mas a longo prazo, se o sistema financeiro tradicional mostrar fraquezas, a narrativa das criptomoedas pode até ganhar mais força.
Resumindo, o que se passa no Japão não é um episódio isolado — pode ser um sinal de viragem na política monetária global. Os próximos meses vão ser, provavelmente, muito voláteis. Por isso, mantenham-se calmos e, acima de tudo, não se deixem levar pela tentação de usar alavancagem.
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DefiSecurityGuard
· 12-12 12:52
Fica seguro e faça sempre a tua pesquisa ()
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CryptoComedian
· 12-10 17:30
Os novatos foram apanhados, não foi?
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hodl_therapist
· 12-10 14:47
Invista um pouco em ouro para se proteger contra riscos
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CoffeeOnChain
· 12-09 13:29
O dinheiro é rei para garantir a segurança
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GasFeeVictim
· 12-09 13:29
Só se perde até à morte com alavancagem em mercados de alta.
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Liquidated_Larry
· 12-09 13:25
Aproveitem a baixa, irmãos
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gas_fee_trauma
· 12-09 13:24
É tudo culpa do arbitragem
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ForkTrooper
· 12-09 13:23
Comprar na baixa é tudo o que interessa
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StealthMoon
· 12-09 13:06
A alavancagem é uma faca de dois gumes
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SelfSovereignSteve
· 12-09 13:02
O aumento das taxas de juro também é uma coisa boa.
Nestes últimos dias, o mercado caiu de forma bastante acentuada e muitos dizem que a culpa é do aumento das taxas de juro no Japão. Mas como é que um pequeno movimento no Japão pode causar tanta agitação? Hoje vamos falar sobre os meandros por detrás disto tudo.
**Primeiro o mais importante: não mexas em alavancagem! Não mexas em alavancagem! Não mexas em alavancagem!**
O rendimento das obrigações do Estado japonês disparou recentemente de forma absurda — o prazo a dois anos ultrapassou 1% pela primeira vez desde a crise financeira de 2008, e os prazos a cinco e trinta anos bateram também recordes históricos. Isto não é apenas um jogo de números, representa o fim definitivo do "modo de imprimir dinheiro" que o Japão praticou durante mais de uma década.
No passado, o Banco do Japão manteve sempre as taxas de juro a zero ou até negativas, para estimular a economia. Agora que o rendimento das obrigações voltou a terreno positivo, significa que a última "caixa multibanco" mundial de juros ultrabaixos fechou as portas. Qual é o impacto disto? Imagina que todo o fluxo de capitais global pode ter de ser reorganizado.
**Para onde foi o dinheiro?**
Antes, os fundos de pensões, seguradoras e bancos japoneses, por não conseguirem obter rendimentos dignos no mercado interno, investiam grandes quantias no estrangeiro — ações norte-americanas, mercados asiáticos, todo o tipo de ativos de alto rendimento. Agora que as taxas no Japão sobem, ainda faz sentido mandar o dinheiro para tão longe? Se os juros continuarem a subir, a repatriação de capitais é muito provável e isso significa menos compradores para ativos em todo o mundo.
Ainda mais relevante é a via do "carry trade com iene". Muitas instituições aproveitavam-se do empréstimo em ienes a custo quase zero para depois trocar por dólares e investir em ações americanas, comprar ouro, acumular bitcoin. O tamanho desta indústria? Estimativas conservadoras falam em vários biliões de dólares. Se esta porta se fechar, imagina quanta liquidez é retirada do mercado.
**Como ficam os vários ativos?**
**Bolsa**: As bolsas dos EUA e da Ásia-Pacífico vão sentir o choque no curto prazo, afinal o carry trade com iene está a ser apertado. Mas a bolsa japonesa pode até beneficiar — o próprio Warren Buffett começou a reforçar posição nas cinco maiores trading companies do Japão já em 2020, prova que o homem sabe o que faz.
**Ouro**: Aqui, o efeito é positivo. A valorização do iene pressiona o índice do dólar e, quando o dólar desce, o ouro sobe. Com o aumento da procura por refúgio e a liquidez a apertar, o mercado precisa sempre de um porto seguro.
**Bitcoin**: No curto prazo vai ser instável, pois estes ativos de alto risco são os mais sensíveis à liquidez. Mas a longo prazo, se o sistema financeiro tradicional mostrar fraquezas, a narrativa das criptomoedas pode até ganhar mais força.
Resumindo, o que se passa no Japão não é um episódio isolado — pode ser um sinal de viragem na política monetária global. Os próximos meses vão ser, provavelmente, muito voláteis. Por isso, mantenham-se calmos e, acima de tudo, não se deixem levar pela tentação de usar alavancagem.