Esta queda apanhou toda a gente de surpresa. O dinheiro grande fugiu como se estivesse numa cena de pânico, enquanto os pequenos investidores nem tempo para respirar tiveram. Afinal, o que é que aconteceu?

Primeiro, vejamos o rastilho inicial — do lado do Japão, os rendimentos das obrigações do Estado explodiram. As obrigações a 30 anos dispararam para 3,4%. É preciso lembrar que, durante a última década, tantas instituições globais viveram de arbitragens com ienes a taxas baixíssimas. Agora, com os rendimentos a subir, ninguém se atreve a alavancar mais. Os negócios têm de ser reduzidos rapidamente. Quem está a vender não são os pequenos investidores, mas sim os gigantes financeiros multinacionais a recuar em massa — e mais depressa do que ninguém.

O segundo golpe veio da Reserva Federal dos EUA. Um dos votantes afirmou: “Esqueçam lá isso dos cortes nas taxas.” Isto matou a liquidez global em seco. As tecnológicas, que antes subiam em flecha, agora caem ainda mais. Bitcoin? Virou carne para canhão, com o dinheiro a fugir desenfreadamente.

O pior é que o nível de alavancagem no mundo cripto é absurdo. Por cada 1 euro de capital próprio, movimenta-se 10 euros em posições na blockchain. O que se passou ontem à noite foi uma lição clara — quando um não aguenta, cai como a primeira peça de dominó, arrastando uma fila de liquidações atrás. O efeito de cadeia é imparável.

A lógica é simples: o mercado obrigacionista japonês colapsou primeiro, espalhando uma onda de choque pelos mercados financeiros globais. A Fed veio logo a seguir com discurso hawkish, os algoritmos viram o vento mudar e inverteram para posições curtas. As ações dos EUA mergulharam e, no cripto, foi um banho de sangue, com liquidações a acontecer por todo o lado.

Sinceramente, ainda há quem pergunte: “Isto é só uma correção de bull market?” Meu amigo, não estás a ver o verdadeiro grau de destruição desta vez. Isto não é um ajuste técnico normal — é uma trituradora financeira capaz de levar muitas contas a zero.