Na análise de um projeto, costumo dividi-lo em três camadas: camada de narrativa / camada de fluxo de caixa / camada de estrutura. Estas três camadas correspondem, naquela “economia da esposa”, a “história, pagamento, contrato”; no fundo, tratam-se de formas de organizar o desejo e a distribuição entre as pessoas.

Este projeto, pela sua história, pode ser considerado um projeto com ética de mercado, pelo menos porque te explica o mecanismo e tu podes aprender com ele e obter experiência. Não vejo nada de mau nisso, o único ponto negativo é que o mecanismo é um pouco complexo, mas vou explicar devagar.

O mecanismo não é difícil de perceber: cada jogador é um bandido em fuga com barras de ouro, tem $GOLD na mão e USDT à cintura para pagar aos guarda-costas.

A cada 6 horas, o Xerife faz um Raid aleatório e rouba 10% dos USDT de todos os bandidos da cidade para comprar barras de ouro, que depois distribui de novo aos sobreviventes.

Ou seja, se sobreviveres, ficas mais rico; se não conseguires reforçar a tua posição, vais a zero. As posições “mortas” alimentam as dos vivos.

Mas, quem define estas posições mortas?

É aí que entra a linha de liquidação. Supondo que tens Gold no valor de 1000U, tens de depositar pelo menos 100U em USDT como garantia. Depois de um Raid, a quantidade e o preço do Gold sobem, e o nível de margem exigido também aumenta. Se o USDT for inferior a 10% do requisito, és imediatamente liquidado — perdes todo o teu USDT + GOLD.

• Uma parte vai para a liquidez própria do protocolo e para o Treasury

• Uma parte é usada para recomprar $GOLD e queimar

• Uma parte é novamente distribuída aos detentores sobreviventes

A margem de reposição forçada que é queimada; se não estiveres atento para repor margem, serás liquidado e tornar-te-ás uma posição morta. Compra passiva contínua + redução forçada aleatória de posições + custos de fricção para saída, até aqui já te soa familiar, não?

Isto corresponde ao princípio dos oito caracteres do mercado em “flor de pimenta”: “cortar a cabeça e a cauda, fluxo no meio”. Ficas limitado pela “cabeça cortada”, a tua posição é puxada pelo poder de compra marginal da margem de 10% com prémio, isto é o fluxo do meio; esta água já não é tua, é da pool do protocolo. No fim, para saíres, tens de pagar uma taxa de saída, e ir cortando gradualmente.

Claro que este projeto tem problemas. Há poucos pontos de jogo, não existe um hook claro que traga capital novo de fora, por isso vamos ver se há espaço para ajustes no futuro.