Um membro do comité de política do Banco do Japão, Masazumi, deixou no ar que a janela para uma subida das taxas de juro está a chegar — mas ainda não decidiram em que mês vão carregar no botão. O mercado está agora a apostar em dezembro ou janeiro do próximo ano, um timing bastante delicado.

Se o Japão subir as taxas de juro ao mesmo tempo que os EUA as baixam, o diferencial de taxas entre o dólar e o iene vai encolher rapidamente, e nestas alturas o sentimento do mercado tende a aquecer.

Qual é o cenário mais confortável? Os EUA baixam as taxas num contexto de economia estável e inflação sob controlo, e o Japão sobe as taxas numa altura em que a sua economia está morna. Um duplo movimento destes faria o iene disparar, forçando o encerramento das posições alavancadas apostadas na desvalorização do iene, o que ia provocar bastante volatilidade no curto prazo. Mas, numa perspetiva de médio/longo prazo, isto seria positivo para os ativos de risco — passados alguns meses, com a liquidez a voltar a ser abundante, o capital regressaria em busca de oportunidades.

Mas e se o Japão for forçado a subir as taxas devido à inflação, enquanto os EUA só baixam porque a economia está em recessão? Nesse caso, o encolhimento do diferencial de taxas pode levar o dinheiro a sair do dólar para o iene, e os ativos de risco iam sofrer mais no curto prazo.

Há ainda uma terceira hipótese: o Japão sobe as taxas sozinho e os EUA mantêm-se parados. Assim, a volatilidade causada pela valorização do iene seria bem menor, já que não há o impacto duplo de "subida + descida de taxas" a abanar o mercado.