Fora da DEX, mas ainda de pé

Olá

Avanços notáveis marcaram o último ano tanto nas exchanges centralizadas quanto nas descentralizadas. Nos últimos 12 a 18 meses, participantes do setor cripto observaram um deslocamento significativo de impulso e liquidez das exchanges centralizadas (CEXs), baseadas em confiança e conformidade regulatória, para as exchanges descentralizadas (DEXs), que oferecem transparência, composabilidade e autocustódia.

Apesar das manchetes e relatórios indicarem um grande retorno das negociações centralizadas, uma análise aprofundada dos dados revela um contexto muito mais sofisticado.

Na análise quantitativa desta semana, examino os dados de DEXs e CEXs para compreender a evolução da liquidez spot e alavancada nas operações de criptoativos.

A seguir, apresento a análise,

Prathik

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A Batalha CEX-DEX

Ao ampliar para 2025, este parece ser o ano em que as CEXs recuperaram espaço após quase dois anos de queda na confiança e retração da liquidez. Entre janeiro de 2021 e maio de 2022, o volume mensal das CEXs ficou bem acima de US$1,5 trilhão. Contudo, desde junho de 2022, esse volume ultrapassou US$1 trilhão apenas uma vez, até novembro de 2023.

Nos últimos dois anos, o volume das CEXs disparou. Impulsionado por ETFs e fatores macro, atingiu níveis recordes. Em dezembro de 2024, o montante chegou a US$2,94 trilhões.

O ponto de virada foi no quarto trimestre de 2024. O volume spot das CEXs saltou de US$1,14 trilhão em outubro para US$2,94 trilhões em dezembro de 2024, elevando a média trimestral para mais de US$2,25 trilhões mensais.

Esse movimento coincidiu com o clima de apetite por risco nos mercados após a reeleição do presidente dos EUA, Donald Trump, e debates regulatórios pró-cripto.

No primeiro trimestre de 2025, o ritmo se manteve, com média próxima a US$1,8 trilhão por mês, antes de cair cerca de 30% no segundo trimestre, para US$1,3 trilhão. No terceiro trimestre de 2025, as CEXs recuperaram o volume perdido, atingindo novamente média superior a US$1,8 trilhão ao mês.

Enquanto as CEXs avançavam fortemente, as DEXs também aceleravam. Na prática, seu crescimento foi ainda mais rápido do que o das concorrentes centralizadas.

Em janeiro de 2024, as DEXs movimentaram cerca de US$133 bilhões em volume spot. Em pouco mais de 18 meses, esse número quadruplicou, ultrapassando US$540 bilhões.

No primeiro trimestre de 2025, as DEXs registraram média de US$395 bilhões mensais, seguido por US$332 bilhões no segundo trimestre. No terceiro trimestre de 2025, a média saltou 50%, chegando a US$480 bilhões por mês. Em outubro, o volume já ultrapassou US$540 bilhões, faltando quatro dias para o encerramento do mês.

Em 2025, as DEXs já representam quase 20% de todo o volume spot, contra pouco mais de 10% em 2024. Ainda que as CEXs liderem devido à integração com fiat, as DEXs tornaram-se opção preferencial para quem busca agilidade, composabilidade, anonimato e autocustódia.

Experiência de usuário aprimorada, taxas de gás menores e diferença de preços mais competitiva em protocolos como Uniswap v4, Hyperliquid L1 e Raydium estreitaram a diferença entre os dois ecossistemas.

O Motor dos Derivativos

Avalio que o principal fator que impulsionou a atividade das DEXs foram os contratos perpétuos. Em 2024, os contratos perpétuos on-chain mantiveram-se como produto de nicho, com volumes mensais de algumas centenas de bilhões, concentrados em protocolos como dYdX, GMX e outros DEXs na Arbitrum. Porém, ao final de 2025, essas plataformas passaram a rivalizar com todo o mercado spot das DEXs.

Em janeiro de 2024, os DEXs de contratos perpétuos movimentaram US$127 bilhões ao mês. Em dezembro de 2024, esse volume quase triplicou, atingindo US$345 bilhões.

Em 2025, o ritmo acelerou. Da média de US$332 bilhões no primeiro trimestre, o volume médio mensal dos contratos perpétuos mais que dobrou e chegou a US$688 bilhões no terceiro trimestre. Em outubro, ultrapassou US$1,13 trilhão, sendo o primeiro mês em que os derivativos on-chain superaram a marca do trilhão, mais do que o dobro do mercado spot das DEXs.

Esses dados indicam não só maior entrada de traders no universo on-chain, mas também aumento de atividade por usuário. As DEXs que oferecem contratos perpétuos já trazem funcionalidades das CEXs, como margem isolada, livros de ordens com grande profundidade e colateral entre diferentes blockchains, além de alta composabilidade, algo que as CEXs não oferecem. Esses diferenciais têm sido suficientes para fidelizar traders de alto valor na rede on-chain.

A evolução é evidenciada pelo crescimento consistente da razão DEX/CEX nas negociações de derivativos.

Em 2024, os contratos perpétuos descentralizados representavam menos de 5% do volume global de futuros. Em meados de 2025, esse percentual dobrou para 10%, e em outubro atingiu 14,3%, recorde histórico de participação dos derivativos on-chain frente às CEXs.

Apesar de ainda representar uma fração comparado à escala da Binance, o cenário já aponta para o futuro. Enquanto o volume de derivativos nas CEXs permaneceu estável em 2025, os contratos perpétuos das DEXs cresceram trimestre após trimestre desde meados de 2023.

Se o volume mostra parte da dinâmica, a posição em aberto (open interest) traz nuances extras. Em 1º de janeiro de 2024, a posição em aberto nas exchanges on-chain era apenas 1,5% dos derivativos globais. Em 31 de dezembro de 2024, dobrou para 3,7%, chegando a 5,9% em 30 de junho. Em 30 de setembro de 2025, bateu 9,8%. Um avanço de mais de 6,5 vezes em menos de dois anos.

Essas transformações indicam que, embora as CEXs sigam como hubs de liquidez, as DEXs estão rapidamente se consolidando como novos polos de risco. Hoje, o trader considera não apenas a confiança, mas também os diferenciais oferecidos por cada plataforma.

O avanço das DEXs em spot, derivativos e contratos perpétuos confirma que elas oferecem recursos ainda não replicados pelas CEXs. Embora os traders on-chain sigam como minoria em números absolutos, sua postura e exigências mostram com clareza ao mercado de cripto quais prioridades devem nortear o desenvolvimento das exchanges.

Encerramos aqui a análise quantitativa desta semana.

Nos vemos na próxima semana.

Até lá, mantenha-se atento.

Prathik

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