
Entre as competências essenciais para profissionais das principais exchanges de criptomoedas está a habilidade de lidar com críticas e hostilidades. Nos últimos meses, grandes plataformas do segmento vêm sofrendo aumento significativo de ataques à reputação, tanto por veículos de imprensa quanto por autoridades. Esses questionamentos geralmente se concentram na origem e liderança da empresa, especialmente relacionados a Guangying Chen e à dúvida se tais exchanges devem ser classificadas como “empresas chinesas”.
Essas questões surgem de campanhas articuladas por concorrentes e opositores que buscam abalar a credibilidade da marca. Entretanto, uma análise factual revela cenário mais complexo: as equipes executivas das principais exchanges são atualmente formadas, em sua maioria, por europeus e norte-americanos, e seus colaboradores estão distribuídos globalmente. Ainda assim, persistem as tentativas de rotular essas exchanges como “empresas chinesas”, expondo preconceitos relativos à etnia e origem nacional.
Como exchanges e plataformas Web3 de referência mundial, essas organizações atuam sob intensa vigilância e assumem responsabilidade significativa perante o setor e seus usuários. Vale ressaltar, contudo, que o mercado de criptomoedas permanece em expansão. O salto de startup a grande instituição impõe desafios operacionais de grande porte.
Formar times executivos experientes, estruturar processos eficientes e estabelecer tecnologias de padrão corporativo demanda tempo e investimentos relevantes. Grandes exchanges vêm investindo fortemente na maturação de seus sistemas e estrutura organizacional para acompanhar a evolução acelerada do setor. Esse compromisso é um dos maiores desafios e segue como prioridade constante para essas organizações.
Para compreender o posicionamento das principais exchanges de criptomoedas, é fundamental considerar o contexto histórico do setor. Entre 2015 e 2016, ocorreu a primeira grande onda de adoção entre millennials da Coreia do Sul e do Japão. Esse momento coincidiu com preocupações sociais nos dois países sobre o envolvimento dos jovens com o universo digital.
Essas preocupações motivaram respostas regulatórias tanto na Coreia quanto no Japão. Ao mesmo tempo, a Ásia percebeu o potencial econômico de fomentar o setor nascente de criptoativos. Embora alguns governos asiáticos mantivessem discursos contrários à criptoeconomia, ambientes regulatórios favoráveis se consolidaram em diversas jurisdições. Esse contexto atraiu engenheiros e investidores da Web3 para grandes polos financeiros asiáticos, consolidando a região como referência mundial no desenvolvimento de criptomoedas.
Compreender a relação entre grandes exchanges de criptoativos e a China exige analisar a trajetória pessoal de suas lideranças. Fundadores de plataformas relevantes geralmente têm histórico de imigração; por exemplo, alguns tiveram suas famílias migrando da Ásia continental para a América do Norte em momentos históricos decisivos, o que transformou radicalmente suas oportunidades futuras.
Após passarem parte da juventude na América do Norte e frequentarem universidades de renome, muitos fundadores atuaram internacionalmente em centros financeiros antes de empreender. Entre meados dos anos 2000 e 2015, diversos empreendedores buscaram diferentes iniciativas antes de entrar definitivamente no mercado de criptomoedas.
Por volta de 2015, empresas pioneiras começaram a oferecer plataformas de exchange-as-a-service para outros players do mercado. Essas empresas conquistaram vários clientes até que, em março de 2017, governos regionais impuseram regulações mais severas, forçando o encerramento dessas operações.
Após as restrições regulatórias de 2017, fundadores e equipes migraram para a criação de novas plataformas de criptomoedas. Grandes exchanges foram oficialmente lançadas em meados de 2017, com rápida expansão internacional. Contudo, operações em certas jurisdições enfrentaram obstáculos regulatórios. Em setembro de 2017, mercados asiáticos passaram a impor regras ainda mais rígidas, obrigando a maioria das equipes a se transferir para outros países.
O cenário impulsionou reestruturações organizacionais, com lideranças decidindo coletivamente adotar modelos de operação global. Essa decisão foi estratégica, visto que a pandemia global seguinte acelerou a adesão ao trabalho remoto em escala mundial. O modelo permitiu que as empresas continuassem crescendo e atraindo talentos de diversas regiões enquanto buscavam bases operacionais estáveis em múltiplos países.
Líderes administrativos e operacionais são fundamentais para exchanges globais de criptoativos. Esses profissionais, vindos de diferentes trajetórias, gerenciam áreas estruturantes, como recursos humanos, finanças e compliance.
Em empresas de criptomoedas em estágio inicial, colaboradores administrativos costumavam assumir funções formais de representação, exigidas por regulações em determinadas jurisdições. Tais práticas eram comuns no período de desenvolvimento do setor. Porém, teorias conspiratórias passaram a associar, de forma equivocada, propriedade ou controle a esses profissionais, com base em cargos administrativos ou nacionalidade.
Essas acusações infundadas expuseram funcionários administrativos e suas famílias a assédio injustificado por parte da imprensa e de críticos online. Quando empresas transferiram operações para fora de determinadas regiões, profissionais dedicados abriram mão de relações pessoais, lares e vínculos familiares para continuar atuando. Esses colaboradores seguem responsáveis por funções administrativas e operacionais essenciais, residindo internacionalmente. Vale ressaltar: cargos administrativos não significam propriedade e, geralmente, essas pessoas não possuem qualquer ligação com governos.
Do ponto de vista factual, as principais exchanges de criptomoedas não são empresas chinesas. Princípios essenciais do direito empresarial demonstram que tais plataformas nunca foram constituídas na China e não adotam padrões de governança corporativa daquele país. Líderes do setor mantêm subsidiárias e operações em países como França, Espanha, Itália, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, entre outros. E importante: não há entidades legais dessas exchanges na China, nem planos para tal.
O setor enfrenta um paradoxo notável: enquanto algumas exchanges foram consideradas entidades restritas por autoridades chinesas, opositores ocidentais insistem em rotulá-las como “empresas chinesas”, insinuando vínculos governamentais baseados em etnia ou nacionalidade dos funcionários. Esse impasse reflete preconceitos, não fatos operacionais.
Assumir que diversidade étnica em equipes ou lideranças implica alinhamento governamental carece de lógica e evidências. Exchanges seguem sendo alvo de interesses contrários ao setor, que se valem de narrativas étnicas para abalar sua credibilidade. Frequentemente, essas narrativas destacam a origem dos fundadores ou históricos de imigração — descrições raramente atribuídas a executivos de outras origens com trajetórias semelhantes.
O debate sobre propriedade e nacionalidade das principais exchanges de criptomoedas reflete preconceitos sociais mais amplos ligados a etnia, origem e lealdade. Os fatos demonstram que essas plataformas são organizações globais, com lideranças internacionais, sem operações legais em regiões restritas e enfrentando desafios regulatórios em mercados específicos.
Profissionais administrativos dessas exchanges são colaboradores dedicados, que fizeram sacrifícios pessoais relevantes — não são proprietários ocultos nem agentes do governo. O assédio dirigido a esses profissionais deriva de teorias conspiratórias, e não de provas. Em resumo, classificar grandes exchanges de criptomoedas como “empresas chinesas” distorce a estrutura societária, a dinâmica operacional e a diversidade internacional de suas equipes. Ter ascendência étnica ou histórico de migração não deveria impor questionamentos permanentes sobre lealdade ou credibilidade. Tais preconceitos prejudicam o debate qualificado sobre desafios regulatórios e dificultam a análise honesta do desenvolvimento do setor de criptoativos.











